Prezados pacientes:
Segue a minha entrevista de hoje publicada no Portal Ig Saúde sobre possíveis intercorrências de cirurgia plástica e dicas de como minimizar suas ocorrências.
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O que pode dar errado na cirurgia plástica
Riscos e resultados dos procedimentos muitas vezes independem da perícia do médico. Saiba quais são e como minimizá-los
É sempre válido corrigir ou melhorar algum aspecto físico que está afetando a auto-estima. No entanto, quem deseja se submeter a uma cirurgia plástica, seja ela reconstrutiva ou estética, precisa estar ciente de que nem sempre o resultado final é o desejado.
Mesmo tomando o cuidado de realizar o procedimento com um cirurgião plástico experiente, por vezes, o organismo reage diferente do esperado, transformando o sonho de um corpo mais bonito num verdadeiro desastre estético.
“Sempre pergunto aos meus pacientes se eles me procuraram por uma questão de momento ou se é algo que incomoda há tempo. Plástica não pode ser algo de momento. É preciso avaliar se os benefícios serão maiores do que os riscos. Quando não são, oriento a pessoa a pensar melhor” diz o cirurgião plástico Marcelo Wulkan, de São Paulo. Cerca de 30 %, diz ele, não voltam porque pensaram melhor ou porque encontraram outro profissional que aceitou fazer o procedimento sem questionar isso.
Consultar um profissional habilitado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), analisar os potenciais riscos durante e depois da operação, fazer todos os exames necessários e, principalmente, pesar os prós e contras da cirurgia são etapas que devem ser seguidas à risca antes de partir para o procedimento, recomenda o cirurgião Luciano Chaves, vice-presidente da SBCP. Ter o apoio da família é outro cuidado que pode ajudar a diminuir os riscos de problemas depois da cirurgia.
“Tem pacientes, especialmente mulheres, que fazem plástica à revelia da família sem ter em mente que o pós-operatório é um período delicado, com limitações, e que precisa ser enfrentado com apoio de quem está mais próximo. A pessoa fica mais dependente e precisa de alguém por perto para ajudar na rotina” diz Chaves.
Durante e logo após a cirurgia, os riscos mais imediatos – e que independem da ação do médico – são as reações à anestesia e os sangramentos. Infecções são eventos mais raros, mas também podem acontecer, diz Wulkan.
Alguns problemas podem aparecer certo tempo depois de feito o procedimento: cicatrizes de má qualidade, como as quelóides e as hipertróficas (com aspecto feio, alargado, espesso e, às vezes, doloroso) são mais frequentes em negros e asiáticos mas também podem estar presentes em qualquer pessoa, especialmente em áreas como o lóbulo da orelha e a região entre as mamas.
Muitas vezes dá para prever como será a cicatrização com base em uma análise da pele e dos hábitos de vida do pacientes. Quem fuma, alerta Wulkan, provavelmente terá problemas de cicatrização. Pessoas com estrias também podem não ter um bom resultado.
“As marcas das estrias na pele já são um indicativo de que ela não tem uma boa capacidade de retração. É importante sempre informar isso ao paciente para evitar frustração com os resultados” explica Wulkan.
Na colocação de implante de silicone um problema imprevisível é a rejeição da prótese pelo organismo, gerando o que os médicos chamam de contratura capsular, uma condição que ocorre em cerca de 3% das mulheres no período de um ano. Em alguns casos, explica Wulkan, é necessário retirar e trocar a prótese. Tanto na cirurgia de redução quanto na de aumento, também pode haver perda (temporária ou até permanente ) de sensibilidade nas aréolas.
Outro imprevisto comum da cirurgia plástica é o acúmulo de líquido na região lipoaspirada. Esse líquido, explica Wulkan, pode ser retirado no consultório com a ajuda de uma seringa ou é absorvido pelo corpo em algumas semanas. Já nas plásticas feitas no abdome um efeito inesperado bem frustrante para o paciente é a distorção no umbigo.
“Toda cicatriz em região de orifícios, como é o caso do umbigo, pode ficar com o tamanho menor do que o usual. Além disso, o umbigo pode ficar com o aspecto irregular”, explica o cirurgião.
Veja como você pode ajudar a reduzir os riscos de um resultado inesperado na cirurgia plástica:
• Se você fuma, pare ao menos um mês antes do procedimento
• Se você é mulher, evite a pílula um mês antes da cirurgia, especialmente se o procedimento for durar mais do que 4 horas (ela aumenta o risco de trombose venosa profunda, uma condição potencialmente fatal)
• Não faça procedimentos estéticos como esfoliação, peeling profundo ou dermoabrasão antes da cirurgia
• Se toma isotretinoína (para acne) pare com o medicamento três meses antes da cirurgia e só volte a tomar depois de 6 meses do procedimento (a medicação pode prejudicar a cicatrização no pós operatório)
• É importante estar com o peso estabilizado, para evitar o efeito-sanfona, especialmente se a cirurgia for feita na barriga, no bumbum ou nas mamas
• Se quer engravidar em curto ou médio prazo, vale repensar se não é melhor adiar cirurgia para depois de seis meses decorridos do fim da amamentação
• Evite o sol antes e depois da cirurgia, especialmente se ela for feita na face. Na área operada, use filtro com fator de proteção solar 30 (no mínimo)
• Faça todos os exames clínicos solicitados pelo médico para saber se está pode se submeter ao procedimento
• Só opere em hospitais ou clínicas que tenham suporte para atuar em casos de emergência